Eu não sei comer um fruto só. Gosto de comê-los por gênero e, se inicio, como vários. Em tempos de eu criança, conforme a estação, teríamos um ou outro fruto à exaustão. Quando acabavam, restava esperar que ano virasse e o ciclo se repetisse, vagarosa e sobressaltadamente, para tê-los em mãos outra vez.
Alimentava-me de esperar que os frutos crescessem e mesmo tendo certeza de que ali não estivessem eu gostava de visitar os vários pomares que se espalhavam nos arredores de casa.
Assim eu podia adivinhar flores nascendo, virando um grão de fruto ou fruto ganhando porte. Nunca me furtei a prová-los azedos ainda. Com avidez e sacrifício eu aguardava a chegada da suprema felicidade: o momento perfeito de devorá-los. Quando os passarinhos começassem a bicá-los os vazios seriam mais azuis, a existência mais tenra e as tardes não doeriam.
Alimentava-me de esperar que os frutos crescessem e mesmo tendo certeza de que ali não estivessem eu gostava de visitar os vários pomares que se espalhavam nos arredores de casa.
Assim eu podia adivinhar flores nascendo, virando um grão de fruto ou fruto ganhando porte. Nunca me furtei a prová-los azedos ainda. Com avidez e sacrifício eu aguardava a chegada da suprema felicidade: o momento perfeito de devorá-los. Quando os passarinhos começassem a bicá-los os vazios seriam mais azuis, a existência mais tenra e as tardes não doeriam.
Aquela vida dispensava relógios.
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