terça-feira, 11 de outubro de 2011

Eu te amo porque te amo

Arthur,
Hoje, como em todos os dias, bem-vindo.
Nascer é uma dádiva, é uma grata surpresa. Viver então?
E ser curitiboca nem é de todo mal, você vai ver...
E porque te amo desde sempre e para sempre, aí vai um poeminha, emprestado de Drummond,  para você que é poemeu.



"Amor é estado de graça e
com amor não se paga.
amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira,
no eclipse.

Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários
eu te amo porque te amo,
bastante ou demais a mim
porque amor não se troca,
não se conjuga
nem se ama

Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo"

domingo, 2 de outubro de 2011

Vontade, absolvição e luto

Dia desses adjetivaram-me curiosa. Nem sei. Sempre quero saber dos outros. Daquilo que os move, de seus anseios, de seus desejos, de como domam o tempo, de que coisas os arremetem ao futuro. Deve ser por isso que alguém um dia disse: “o inferno são os outros”. Sim, são os outros porque eles podem. Eles parecem infinitamente capazes. Eu, de minha parte, acho que além dos outros o inferno sou eu. Que procrastino, que sofro, que faço doer cada desilusão e contragosto. Não, eu não sei criar metáfora para falar da fúria. Não, eu não sei fazer metonímia, tampouco transparecer sentimento senão pelo modo mais infantil e tosco: às migalhas, por lágrimas e silêncio inquieto. Nada compatível com viver adultamente. Mas quem disse que lá anos fazem uma vida ser menos sôfrega. Isso, intuo, deve ter pego raiz ainda no ventre. Essa pasmaceira, essa melancolia, essa impossibilidade de buscar utopia. E é preciso quase uma vida para expurgar vãos trôpegos. Não, eu não uso fitinha de Nosso Senhor do Bonfim ou de Nossa Senhora de Aparecida. Obrigada. - Talvez devesse? - De amuletos fartei-me. Mas sim, há quem use, ainda que não acredite. Sob o argumento sedutor de “há tantas coisas que precisamos fazer e nas quais não acreditamos”. A mim  bastar-me-ia poder voltar a rezar o Creio e, convencida da remissão dos pecados, começar semana nova, qual fazíamos quando crianças. Bastar-me-ia?
Quero o fel? Nada. Quero a ilusão? Quase. Quero uma vida inteira. E depois saber como vivê-la. Toda.