segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Caderneta de anotações de domingo

        Encontrei uma luva perdida. Uma luva perdida é uma alma solitária.
       
        Vi um morador de rua que se prolongava na preguiça matinal sobre a cama improvisada no coreto da praça. Sob panos, mantas e cobertas ele lia compenetradamente enquanto o coreto emoldurava o amor pelo livro.
                  
        A menininha entrou no ônibus e, vendo que todos ofereciam seus passes de ônibus (ou ocasionalmente moedas) ao motorista, achou por bem oferecer-lhe o saco de doces que carregava com dedos melados e olhos satisfeitos.

       Chovia a cântaros e um leitor caminhava apressado enquanto lia o jornal sob o guarda-chuva. Sonharia ele suplantar o tempo?
        
       Encontrei uma versão de dente-de-leão. O pretexto perfeito para, como fazíamos em estado de criança, inspirar fundo, fazer um pedido e sonhar um desejo enquanto  as sementes  aladas se dispersam.

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