Há tempos que me pedem para que eu volte a escrever neste espaço. Nem são tantas pessoas, mas elas têm algo em comum: me são caras. Escrever, contudo, tem sido evitado por mim como forma de não cometer nenhum tipo de exorcismo. A escrita sempre foi minha tábua de salvação. Outro dia fui à conversa entre Carpinejar e Alberto Martins. Depois de algum tempo ouvindo-os falar de seus papéis de escritores/poetas, resolvi lançar-lhes a pergunta que aprendi a gostar de fazer: "- Que leitores são vocês?" Carpinejar respondeu-me com um aforisma, que lhe é tão próprio: “eu leio pra me procurar, eu escrevo pra fugir de mim”. Alberto Martins constatou que a leitura faz inchar o cotidiano e que lhe apraz a experiência de tê-la expandindo seu dia-a-dia - ao eleger um catatau para ler quando não se está de férias, por exemplo. De minha parte arrematei com aquela frase do Drummond que adoro: “A vida quando vai aos livros é pra voltar mais vida”. Contudo, nestes últimos meses, houve aqueles em que nem pude ir aos livros e nem pude ir à vida. Movi-me inerte. Porque parar, e retomar a linha onde o ponto fora esquecido, também é mover-se.
Um comentário:
"Quem olha para fora sonha. Quem olha para dentro desperta." - O Buda
Foram dias de despertar.
Beijos
Déia
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