Aquele homem, com os ares de urgência de sempre, não sabia chamar um filho só. Dizia, como lhe viesse à boca, o nome de todos. Menoscabava a primogenitura. Então, aquela filha, por ser uma das mais novas, permanecia sendo “Esta”. Depois de dizer: "Clara, Amélia, Maria", o último nome, o desejado, como que escapava-lhe à boca: “Esta”.
Ela, em princípio, atribuiu tal atitude a espasmos de bom humor do pai. Raro. Mas depois cresceu. Viu que só poderia ser nomeada em presença dele. E ele não sabia chamar os filhos um a um.
Corporificada, nominada só em pronome demonstrativo.
Pai de todos, só poderia chamá-los qual corpus homogêneo.
Os filhos, juntos, uma entidade.
Isso fez influência nas maneiras dela chamar sentimento. Numa série, qual escolher?
Ela ficava horas olhando para a cor do dia, como se dentre matizes, pudesse dizer um nome. E sem nome que dar, atirava: “Esta”.
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