Maninho costumava ser um dos apelidos de meu pai. Não sei por que, eu nunca entendia esse apelido. Eu demorei para associar o apelido ao significado da palavra. Para mim, Maninho era meu pai e não um substantivo comum que pudesse ter sinônimo.
Enfim, em eu criança, nunca lhe chamei Maninho, como nunca lhe chamei papai.
Eu acho tão terno falar papai. Eu nunca fui ensinada a falar papai.
Parece que hoje eu posso falar papai, pois os anos passaram para ele e para mim. Ele já não é, ele já não soa tão feroz. Ele não figura mais e tão somente na versão pai. Posso tê-lo também na versão papai. Posso tê-lo em quantas versões quiser, afinal um pai é uma divisa.
Um comentário:
É assim que é. O meu foi papai, pai, paiê...E eu fui filha, menina, rosa. Hoje, cruzada a grande divisa, nos sonhos e na memória me chama pelo nome, com a impecável pronúncia do hiato, que só agora me parece de direito exigir de todos os demais.
Déa
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