Às vezes Ela engolia tudo. Há quem diga que a gula é o avesso da fome, mas para Ela, pode que seja muita fome recolhida de tudo que existe ou pudesse existir. Quando conseguia, Ela anotava algumas coisas que depois eram transformadas a qualquer hora que estivessem prontas para ser. O duelo entre aquelas muitas versões de escritos e de si mesma, havia vezes, rasgavam-lhe as entranhas. Uma prima, vinda de longe, mandou que Ela largasse essa muleta de ser mulher frágil , fraca, à maneira de uma galinha enxotada do ninho. Mas, Ela moía de si para si, galinha enxotada do ninho também se empina e para lá acaba voltando, bico em riste, patas sóbrias a pisar o chão, asas abertas por o bicho pretendendo ser maior do que é, um tipo de fúria enfim. A galinha que volta pro ninho pra terminar o que começou é a moral da criação da mulher forte, absoluta síntese ou rejuntamento de ossos, cacos, cascas. É o próprio ovo germinal.
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