Madalena tinha lá suas frases de efeito:
Conferindo as próprias axilas no fim do dia, espantava-se: que cheiro é esse? Não sou gambá.
Se lhe cortavam o cabelo demasiadamente, resmungava: estou tosada! Não sou uma ovelha!
Acometida por insônia intermitente, ralhava consigo mesma: durma, não és morcego.
Quando lhe davam serviços superiores as suas forças, indignava-se: não sou burro de carga.
Em dias de insatisfação própria de mulher, chiava: este cabelo acha o que? Não sou galinha d’angola.
E se seu homem não queria lhe chupar as partes, aborrecia-se: não sou uma porca, sou limpinha.
Para o caso de ele se achegar nela afoitamente, advertia: não sou coelho.
Se ele não lhe pegasse nos peitos como devia, atirava: não sou uma vaca.
Madalena queria se convencer de que era mulher.
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