Na casa deserta, pequenos ruídos ao longe. A torneira antiga pinga. O vento dá sacudidelas nas folhas do pé de boldo - que o tempo está indigesto. A cortina esvoaça. Os filhos dos outros a chorarem dores impronunciáveis. O casal do cômodo ao lado a emanar o líquido surdo de seus gozos.
Jogada ao chão, a cabeça doendo, Ela respira superficialmente e, quando lembra, ouve os mesmos discos de há décadas. Fica existindo e envelhecendo, existindo e.
Ela, que só sabe repousar em nostalgia, pergunta-se: onde estão todos? Escolheram seus caminhos e trilharam o rumo azul do infinito? Folgarão em outras quimeras?
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