quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A geada na cidade e a geada no campo

       Nas  terras do norte é assim: é de manhã e os habitantes tentam resgatar seus carros cobertos pela geada. É meio do dia e lá está ela intacta. É fim do dia e a geada segue a esmo para as galerias pluviais. Tudo nessa geada é excêntrico: sua cor, seus modos e os lugares que encontra para ficar existindo. Talvez porque a geada na cidade pareça fora do lugar, pois que perde um pouco seu status natural por não encontrar solo macio no qual se aconchegar. Na cidade, as ruas e telhados e todos os artefatos humanos interpõem-se em seu caminho e ela fica tendo que achar vãos por onde estar. Acaba que ela encontra uma ou outra beira, depressão ou meio-fio e ali fica, congelada, abismal, quase suicida.
       A geada no campo, como a vida no campo, tem qualquer coisa de mais real.

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