sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Porque, no princípio, já era o verbo

         O homem contemporâneo parece-me vítima e algoz do vão. Carece ele de algum verbo novo que o descreva?
         Entre páginas e páginas on line, navega. Entre grãos e grãos de poesia, garimpa. Entre livros e livros por ler, cata. Entre notícias de um mundo alargado, esgravata. Antes de bicar o que vai lhe nutrir, cisca alimentos de origens remotas vendidos na quitanda da esquina. Quer resumir? Twitta. Palavra nova? Nada, emprestada. Twitter em inglês pode, dentre outras coisas, significar o breve som emitido por alguns  pássaros. Então twitter é isso: um canto à brevidade, um espasmo da palavra.
        E como fazer caber um devaneio em 140 caracteres?
       Em matéria de desejo estamos de novo e sempre às voltas com o mesmo, desde as priscas eras da civilização. Mais do que palavras novas, precisamos de ideias inaugurais, ainda que as perguntas sejam antigas.
       E eu lhes deixo com uma, formulada pelo moleiro Menocchio e relatada por Carlo Ginzburg, “como ungir o espírito?”

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